domingo, 6 de julho de 2008

ARTIGO.

O futuro dos livros
Fenômeno contemporâneo, os livros virtuais já conquistaram uma quantia considerável de leitores, o que tem despertado nas editoras o interesse em digitalizar um número cada vez maior de títulos. Contudo, muitos leitores ainda não tiveram contato com este formato de livro. Apesar do espaço que o livro virtual está ganhando, houve um aumento significativo na venda de exemplares impressos, e a internet se tornou um suporte positivo para que isso fosse possível, o que aponta que mesmo com a chegada dos livros eletrônicos ao mercado, o consumidor ainda investe no livro em papel.
Com base nesse panorama, o presente trabalho pretende fazer uma abordagem a respeito da importância do livro em seu formato impresso para a conservação do saber, produção e divulgação do conhecimento. Tratar da polêmica acerca da possibilidade da substituição do livro impresso pelo livro virtual e propõe a discutir a possibilidade de que ambos os formatos convivam simultaneamente ente os leitores.
Das tabuinhas xilográficas para os tabletes de argila, dos rolos manuscritos aos volumes em pergaminho, e destes modelos de conservação e divulgação de informações para o chegada de um novo modelo chamado de livro, impresso em papel, a história do livro é uma história de inovações de técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação. Essas inovações não pararam de evoluir ao logo dos séculos, mas, a partir do surgimento das novas tecnologias da informação, avança para além do impresso, e surge no formato eletrônico, o que tem gerado alguns questionamentos tais como: há possibilidade de convivência do livro impresso com o eletrônico ou ocorrerá o aniquilamento do primeiro pelo segundo?. Cada vez que surgem inovações tecnológicas, como afirma Lévy, (1999, p.162) ” incansavelmente é preciso lembrar a frivolidade do sistema de substituição.” Indagações como estas ocorreram com o surgimento da televisão, quando diversas pessoas afirmavam que ela acabaria com a era do rádio. No entanto, ambos convivem de forma harmoniosa.
O livro é a fonte de registro e transmissão do conhecimento que adquiriu grande representatividade enquanto elemento de preservação e difusão da cultura, popularizando-a. Determinou paradigmas que marcaram a história do pensamento humano por proporcionar a investigação e interpretação particular, e com isso suscitou questionamentos e discussões que levaram o homem a investigação e produção do saber sistematizado. Por isso, o livro é considerado um instrumento de libertação do homem, pois oportuniza às classes menos favorecidas o acesso ao conhecimento a partir da leitura, ainda que não de maneira ideal, devido ao alto custo dos exemplares e da falta de formação e cultura para freqüentar as bibliotecas. Sendo esta a realidade da maioria das pessoas com relação ao impresso, o que dizer do digital, uma vez que a inclusão digital ainda precisa avançar muito para que as tecnologias alcancem a todas as esferas econômicas da sociedade. Portanto, é inviável pensar em substituição, como afirmam Benício e Silva (2005, p.6).

Esta possibilidade é traumática porque o livro impresso não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples objeto de consumo, mas como objeto simbólico ao qual a cultura pós-Gutenbetg confiou a tarefa de armazenar e fazer circular todo conhecimento considerado relevante.

Pode-se observar que a informação impressa é um dos maiores bens que a humanidade já conquistou, pois por meio dela as pessoas acessam a informação e podem gerar conhecimento. Evidentemente, não basta ter contato com o livro para produzir conhecimento, é preciso se debruçar sobre eles , fazer comparações, criticar o que está escrito, questionar pontos de vista, analisar as informações e construir um ponto de vista a respeito do que se leu. Só então o livro cumprirá seu papel social que é extremamente importante.
O livro por sua vez acompanha o homem como objeto de leitura coletiva, ou participante de sua intimidade, em diálogo silencioso com as próprias inquietações, permite ao leitor o acesso a outras culturas, bem como possibilita a reflexão apurada em torno de um tema, permite uma nova relação do sujeito com o mundo, dá oportunidade para que este possa ressignificar as informações e gerar novos conhecimentos.
No entanto, observa-se que vivemos na era da informatização, em que quase todas as funções do homem, (trabalho, estudo, lazer, comunicação etc.), estão sendo atreladas ao computador e a internet.
O formato eletrônico para o livro aparece como suporte de auxílio para atender as exigências da cultura do ciberespaço, que passou a fazer parte da vida de milhares de leitores, por possuir características como: baixo custo, acesso rápido e eficiente, preservação de árvores, possibilidade de armazenamento de milhares de páginas em um único dispositivo, etc. Mesmo com tantas qualidades, a maioria dos leitores preferem ler em páginas impressas a ler na tela do computador, pois acham cansativo e desconfortável, o que é um dos fatores que contribui para que as novas tecnologias da informação não façam desaparecer os modos tradicionais de produção, divulgação e aquisição do conhecimento.

... o novo não apaga o velho, como na imagem do antigo pergaminho, submetido a uma solução química para receber nova inscrição, de forma que era possível encontrar sob a superfície raspada as camadas anteriores de escrita. O novo não apaga o velho, mais ao incidir sobre ele recria-o,transforma-o (LEVY, 1993)


Considerando o momento em que vivemos, pode-se concluir que a informação impressa poderá mudar de qualidade, mas sobreviverá. Assim como já aconteceu com outros objetos que outrora se pensou que desapareceriam, e estes resistiram aos avanços tecnológicos; o livro também continuará existindo e fazendo parte do processo de desenvolvimento do homem, e as realidades impressas e digitais deverão conviver simultaneamente como opções diferentes e complementares, como afirmam Drabenstott e Burman (1997,p.184) “[...] documentos impressos existirão lado a lado com artefatos digitais, apontando que o princípio orientador é usar a tecnologia apropriada para cada propósito particular”.
É difícil prever exatamente o que ocorrerá, más certamente os livros virtuais terão lugar garantido na história da literatura. E isso não na qualidade de substituto dos livros convencionais.






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LÉVY,Pierre. AS TECNLOGIAS DA INTELIGÊNCIA: O Futuro do Pensamento na era da informática .Rio de Janeiro: Ed 34, 1993. 208 p.

DRABENSTOTT, Karen; BURNAN, Celeste. Revisão analítica da biblioteca do futuro. Revista Ciência da Informação.Brasília, v.31, p. 61-74, jan/ abr. 2002.

LÉVY,Pierre. Cibercultura. São Paulo: ed.34,1999


BENÍCIO, Cristiane Dantas;SILVA, Alzira Karla Araújo. DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOCK: o paradigma do suporte na biblioteca eletrônica. Disponível www.abc-commerce.com.br/ebook.htm acesso em 05 de junho de 2008.